sábado, 23 de janeiro de 2010

Desumana.


Quando falo que queria amar como uma pessoa normal ama, ninguém acredita. Surpreendo comigo mesma às vezes, pensando quão fria tenho sido com meus sentimentos. Sei que deveria relaxar e acreditar no que alguns homens me dizem implorando pra eu ficar, deveria deixar de exigir tanto.

Já exigi, recebi e não gostei. Bah! Tentei buscar infinitas explicações, mas nem uma delas se encaixou bem no meu quadro. Pensei ser de nascença, nascer sem certos sentimentos não é tão incomum, como sair de uma saga de livros de vampiro ou ter uma alma de outro planeta, evidentemente que não, mas mesmo assim seria uma teoria confusa de explicar para um médico. Um psiquiatra provavelmente me mandaria internar numa clínica na hora.

Uma vez forcei uma relação tentando fazer o amor brotar como uma semente de feijão fazendo essa mesma situação passar 8 vezes mais rápido como numa cena de filme com sexo com crianças na sala, fiquei exausta, afinal. Não indico isso a ninguém, dá uma sensação ruim no estômago, vontade de vomitar sabendo que você está fazendo uma pessoa te amar só pra testar seus sentimentos e saber que daqui umas semanas você irá terminar com um pouco de dó, mas nem um pouco de remorso por fazê-la acreditar que você estava com ela por puro interesse.

Tentei me colocar na situação do outro, pensando como me sentiria se estivesse do outro lado, o que consegui sentir foi que estava do outro lado, nada mais, eu não senti amor como ele dizia que sentia. Isso era sufocante. Sem contar naqueles que não se tocavam e ficavam se debatendo como um peixe fora d’água insistindo fazer brotar “amor” em mim. Umpf!

Comecei esse texto tentando encontrar uma explicação pra mim, até pra não frustrar os poucos leitores do meu blog e para lembrá-los que eu sou normal e não estou surtando. Talvez alguns estivessem dizendo que é pura carência, mas se fosse eu teria me entregado ao primeiro nego que me aparecesse todo carinhoso e com um beijo gostoso, como até apareceu, mas não me fez dormir nem acordar pensando nele.

Sei que 70% da culpa é minha, claro, o meu coração de pedra não se rompe, mas ninguém foi ousado o bastante pra abri-lo sem me fazer enjoar do barulho das ferramentas usadas, como os peixes que se debateram ou os morto-vivos que eu contava pra minha coleção testando meus sentimentos. Talvez a culpa não seja de ninguém ainda, não era pra ser. Prefiro pensar assim. É melhor esperar o momento e descobrir que ”a pessoa do seu lado pode ser o amor da sua vida”. Talvez também seja melhor pensar assim até eu ter certeza que eu não sou uma completa desumana.